O Adolescente Rumo à Vida Adulta

O CORPO


Um autêntica revolução hormonal tem início, alterando funções biológicas, psíquicas e sociais. A puberdade dispara o crescimento ósseo e de massa muscular. Os sinais físicos sexuais desenvolvem-se culminando na maturação da função reprodutora que por sua vez deflagra o anseio por novas experiências.


Não é a toa que o adolescente passa tanto tempo tirando Selfies ou em frente ao espelho. Nem mesmo ele acredita no surgimento de tantas mudanças. Estranha-se. Para uns esta é uma experiência de glória, para doutros fonte de angústia. Diante disto o cérebro precisa redesenhar uma nova configuração física. O olhar dos pais também se confunde, ora os filhos são vistos como adultos ora como crianças.


A SEXUALIDADE


Este é o momento da grande virada na sexualidade do indivíduo. Agora ele passa a ser objeto de desejo do outro. A rejeição é um fantasma à espreita. Olhares e encontros são comuns, bem como a descoberta da complexidade de encontrar e manter uma relação afetiva duradoura.


Biologicamente maduro, passa a fazer parte do mundo dos adultos, inclusive ser capaz de ter seus próprios filhos. Com isto assume novas posições e responsabilidades diante da vida. A sociedade, e ele mesmo, exige uma mudança em toda a sua personalidade.


O HUMOR


O pessimismo, a raiva, a agitação, o retraimento e a lentificação não são raros no adolescente. A passagem do tempo parece correr de forma demasiadamente lenta. O jovem se vê incapaz de suportar a espera. O adolescente fica horas em seu quarto, prestes a se apaixonar, mas parecendo invadido por um desinteresse geral e sem conseguir decidir-se a agir. Este fastio parece encobrir os conflitos internos, medos e fantasias angustiantes, alternando momentos ora de onipotência ora de sentimentos de menos-valia.


O humor instável é característico desta idade e seu prognóstico, nada sombrio, é facilmente dissipado pelo surgimento de grandes atividades sociais ligadas a um grupo, uma pessoa ou a uma ação.


A PROFISSÃO


A adolescência é tempo de descobertas e renovações. Agora o jovem percebe que não é mais criança e se dá conta que é o responsável pelo seu próprio futuro; incerto e indefinido. Tudo vai depender das suas escolhas que, sejam quais forem, fazem-no sofrer. Inconscientemente sabe que não poderá contar com a mesma proteção dos pais da infância. O medo, o peso da responsabilidade e a distância entre o que são e aquilo que querem ser acarreta um ataque à autoestima. Some-se a isto a expectativa dos pais, afinal durante a infância, estes já idealizaram mentalmente toda a vida profissional do filho, cabendo ao adolescente, neste momento já tão sofrido, a culpa pela frustração de sonhos desfeitos dos pais.


O mundo moderno reserva para os jovens um lugar de novas dimensões e desafios. Exige-se do jovem uma alta performance intelectual e profissional. Não basta saber fazer, tem que ser o melhor, mais rápido e mais eficaz. Este novo mercado exige alta qualificação o que leva o jovem a manter-se por mais tempo dentro de uma graduação e consequentemente mais tempo em casa dos pais.


A SOCIALIZAÇÃO


A fase social pode ser facilmente observada pela revolta do jovem frente aos adultos, seus sistemas de valores e ideias aprendidas na infância. Na realidade revoltam-se contra qualquer coisa que entendam como uma forma de impedir sua autoafirmação. O desejo é fazer de si mesmo um ser único e singular, haja visto o gosto pelas tatuagens que tanto afligem os pais.


Crescer significa tomar o lugar do pai e isto não poderia ser feio pacificamente. Neste inter jogo, o adolescente passa a questionar a personalidade dos seus pais, seus valores e suas crenças. Desliga-se da moral parental à qual foi submetido, parte essencial dele próprio, deixando um vazio que será preenchido pela imagem idealizada de outras pessoas, o que não tardiamente o levará a decepções e frustrações. O ideal e o real ainda não fazem parte do seu domínio, institui-se uma dupla confrontação; a REALIDADE e a MEGALOMANIA.


Ao superar a imagem dos pais perfeitos e oniscientes o adolescente adquire a consciência de que os problemas existem nele mesmo. É nesta dinâmica que o mesmo formará sua própria identidade e irá estruturar sua força psíquica. A tarefa principal do processo da adolescência pode ser definido e ter fim, quando este consegue estabelecer sua própria maneira de ser, resultado da integração final das identificações da infância com as atuais.


Frente a tantas mudanças é impossível se entender este processo sem a inquietação, condição obrigatória para o desenvolvimento.

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